sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Alho: Mais que tempero, é Saúde

do UNIVERSO ALIMENTAÇÃO




Allium Sativum é a sua designação em Latim e referimo-nos ao alho comum. Regra geral quase todos nós utilizamos os dentes de alho na nossa alimentação como tempero, a verdade é que ele tem mais propriedades agradáveis além do paladar.


Os componentes sulfurados do alho, como a aliina, alicina, dialil sufeto, dentre outros, são os que se destacam como benéficos para a saúde humana, e que promovem o odor característico do alho. Além disso, a grande quantidade desses componentes presentes no alho diferencia-o dos outros vegetais pertencentes ao mesmo gênero Allium.


Beneficios do Alho:





- Ajuda a diminuir a hipertensão e a reduzir o colesterol.
- Previne ou combate alguns tipos de câncer.
- As propriedades antiviróticas e bactericidas previnem ou combatem infecções.
- Alivia congestão nasal.


Mais, Cuidado:


- Causa mau hálito
- Pode causar indigestão, especialmente se ingerido cru.
- O contato direto irrita a pele e as mucosas.


Pesquisadores de distintas regiões do mundo se debruçam sobre as propriedades medicinais do alho, para entender os mecanismos e o efeito de seus compostos em algumas doenças. Pesquisa científica do Kuwait avaliou os efeitos do consumo de alho cru e extrato fervido em água nos níveis séricos de glicose, colesterol e triglicerídeos em ratos durante quatro semanas. Diferentes dosagens dos dois tipos de alho (50 e 500 mg/kg) foram oferecidas. Os autores observaram que o alho cru apresentou um intenso efeito na redução dos parâmetros analisados, podendo ter importante papel na prevenção de aterosclerose e diabetes. Já o alho aquecido teve menor efeito nos níveis séricos de colesterol e triglicérides, e nenhum efeito foi encontrado na dosagem de glicose. Eles acreditam que o processo de fervura destrua os ingredientes voláteis, ativos e quimicamente instáveis do alho.


Cientistas argentinos fizeram uma análise mais detalhada da melhor forma de preparo do alho para verificar suas propriedades antiplaquetárias, e assim avaliar sua contribuição para a prevenção de doença cardiovascular. Os resultados mostraram que a alicina e o tiosulfinato são os componentes que contribuem para essa propriedade antiplaquetária. Porém, moer o alho antes do cozimento pode reduzir essa ação. Mas a perda parcial dessa ação pode ser compensada se o consumo do alho for aumentado.


Para verificar os efeitos hipocolesterolêmicos do alho, estudo randomizado, duplo-cego, controlado com grupo placebo foi realizado em homens com hipercolesterolemia entre 220 a 285 mg/dl e simultaneamente em animais. O grupo que recebeu cápsulas de suplemento de extrato de alho, 800 mg diariamente durante cinco meses, teve diminuição de 7% no colesterol plasmático total e 10% no LDL-colesterol (lipoproteína de baixa densidade) plasmático, comparados com o grupo placebo. Similarmente em ratos a mesma suplementação reduziu 15% do colesterol total plasmático e 30% da concentração de triglicerídeos plasmático. Com esse estudo pôde-se verificar que a ação do alho na redução do colesterol e triglicerídeos ocorreu, em parte, pela inibição da síntese de colesterol no fígado, por meio dos componentes sulfurosos do alho, especialmente o S-alil-cisteína.


Outro possível mecanismo dos efeitos benéficos do alho na doença cardiovascular é a de impedir a oxidação do LDL-colesterol, inibindo a iniciação e progressão da aterosclerose. Essa oxidação do LDL promove disfunção vascular pela ação citotóxica direta das células endoteliais, pelo aumento da propriedade quimiotática de monócitos e pelo aumento da proliferação de células endoteliais, monócitos e células musculares. Todos esses eventos contribuem para o desenvolvimento da doença cardiovascular. Dessa maneira, a Associação Dietética Americana recomenda um consumo de 600 a 900 mg de alho por dia, correspondente a um dente de alho cru por dia, para a redução de colesterol sangüíneo total. Essa ingestão também pode ser proveniente da suplementação de alho.


Há ainda outros benefícios. Estudo chinês observou que o consumo de alho e outros alimentos do mesmo gênero, como cebola, cebolinha e alho porro, reduz o risco de câncer de próstata independentemente do peso corporal, ingestão total de calorias e de outros produtos alimentícios. Além disso, verificaram maiores efeitos em homens com câncer de próstata avançado. O consumo médio de alho foi de cerca de dois dentes por semana.


Além disso, estudo clínico randomizado, duplo-cego, ainda verificou que o consumo de quatro cápsulas por dia contendo 500 mg de extrato de alho, que não tem odor forte, melhorou o sistema imune de pacientes com câncer avançado (cólon, fígado e pâncreas). Os autores consideram que o alho seja um tratamento alternativo para esses pacientes, pois houve aumento da atividade de células exterminadoras naturais (natural killer), que destroem células tumorais, durante os três meses de acompanhamento.


O Instituto Nacional de Saúde norte-americano lançou uma revisão sistemática de todo esse corpo de evidências a respeito do alho. No trabalho, que avaliou os efeitos do alho em diversas situações clínicas, verificou-se que o consumo de diferentes preparações, comparado com placebo, reduziu o colesterol sangüíneo total significativamente após um mês (reduções de pelo menos 1,2 mg/dl até 17,3 mg/dl em alguns casos). Porém, um acompanhamento durante seis meses não identificou nenhuma diminuição no colesterol decorrente da utilização de alho. Assim também a ingestão de diversas formas de preparações de alho mostrou redução da agregação plaquetária. Contrariamente, observaram que o uso do alho não trouxe benefícios para a redução da pressão arterial, nem na glicemia de pacientes com ou sem diabetes, nem no câncer gástrico, colorretal, endometrial e laríngeo. Os possíveis efeitos adversos no consumo do alho encontrados nos trabalhos analisados nessa revisão foram mau hálito e forte odor corporal.


Finalmente, também se verifica no alho a propriedade antimicrobiana, destacando dentre seus componentes alicina e ajoene, com essa atividade mais intensa. Isso é de interesse para alguns pacientes que sofrem de doenças infecciosas, quando optam por tratamento natural. Por isso, foi realizado um estudo que avaliou o sinergismo entre antibióticos e extratos de plantas, que incluía o alho, contra o Staphylococcus aureus. Dentre as plantas analisadas, o alho apresentou capacidade antimicrobiana sobre o Staphylococcus, porém com menor atividade sinérgica com as drogas. Porém, há autores que não observaram um resultado positivo, por exemplo, no uso do alho para o tratamento de infecção por Helicobacter pylori.


Portanto, evidências científicas identificam os efeitos benéficos do uso do alho em diferentes doenças. Novos estudos devem ser conduzidos para avaliar os efeitos terapêuticos do consumo prolongado do alho, e para definir os tipos de preparações do alho in natura e a concentração dos componentes ativos para se obterem resultados efetivos.

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